Por que Design

Davi Costa
5 min readFeb 8, 2019

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[This article was originally published in english]

Escrevi esse texto no começo de 2017. Não tinha começado minha faculdade ainda e não tinha nenhuma experiência profissional na área do design (ou em qualquer outra, na verdade). Acho que pode ser inspirador para todos os estudantes que estão pensando em seguir uma carreira no design.

Eu por volta de 2010 (11 anos), sincronizando meu velho iPod Nano enquanto olho para a câmera.

Na época tinha 17 anos e me encontrava constantemente explicando minha opção de carreira para amigos e familiares. Tenho certeza que a realidade hoje em dia para pessoas que escolhem design não é diferente. Estava muito confiante que ia tender mais para o design de produtos digitais, e isso tem se provado verdade até então. Sem mais delonga, aqui está:

Sou apaixonado por tecnologia desde que tenho lembranças. A experiência que produtos digitais entregam sempre me fascinou. Como ideias similares são imaginadas e desenvolvidas de diferentes maneiras, às vezes alcançando uma ótima resposta dos usuários, e outras vezes recebendo uma avalanche de críticas ou caindo no esquecimento.

Para mim, sempre houve apenas uma área em que conseguia me imaginar trabalhando: tecnologia. Infelizmente, para a maioria das pessoas, isso significa apenas uma coisa: começar a programar e conseguir um diploma em ciência da computação. Eu era lembrado disso toda vez que alguém via meu entusiasmo, ao utilizar dispositivos, e inferia que eu gostaria de me tornar um programador. Essa ideia estava tão espalhada pela minha família, enquanto eu crescia, que nunca parei para explorar outras opções. Mas a verdade é que eu nunca me interessei pelo que estava acontecendo no plano de fundo, então passar meus dias escrevendo código nunca foi uma escolha que me empolgou.

Eu tinha 14 anos quando medos do tipo “O que eu vou fazer da minha vida?” começaram. Foi aí que eu me levei a explorar opções de carreiras. Primeiro eu percebi que o que eu realmente gostava era o que o usuário via na tela, a interface, e como o usuário interagia com ela. Mais cedo do que tarde uma opção esplêndida apareceu: “UI/UX Design”. Era perfeita para mim, já que era justamente sobre o que eu gostava na tecnologia. É uma nova carreira, e praticamente ninguém com quem falei conhecia sobre. Então isso trouxe um novo desafio: como eu vou explicar o que quero fazer da minha vida?

Eventualmente, encontrei a metáfora perfeita. Imagine que um aplicativo é um prédio. Nesse cenário o arquiteto seria o designer e o engenheiro seria o programador. UI significa interface do usuário, e UX, experiência do usuário. Resumindo, UI é sobre fazer o aplicativo bonito e UX é sobre fazê-lo intuitivo (fácil de usar). Depois de decidir o que eu provavelmente gostaria de fazer pelo resto da minha vida, alguns sinais me asseguravam que tinha feito a escolha certa.

Alguma das coisas que mais me incomodavam, quando utilizando produtos digitais, eram exatamente aquelas de responsabilidade do UI/UX Designer. Eu praticamente nunca leio um manual, e eu sei que a maioria das pessoas também não. É claro para mim que um designer falhou no seu trabalho quando alguém precisa consultar um manual para usar um produto, e isso é algo que sempre irei considerar quando criando. Outra coisa que me frustra é quando encontro um app que não atinge seu potencial completo, então meu objetivo ao entrar nesse campo é prover apps que oferecem aos usuários o que eles precisam da maneira mais simples possível. Sensibilidade visual é algo que também nunca me faltou.

Quando os primeiros “smartphones” apareceram, eu sabia que havia espaço para algo melhor, e que aqueles simples apps distribuídos por operadoras poderiam evoluir para algo incrível. Não muito tempo depois veio o iPhone, e um ano depois, a App Store. Frequentemente penso em alguma pequena — não tão aparente — melhoria que pode ser feita em um produto específico, e em uma atualização futura eles atacam justamente ela.

Minha faculdade começa no próximo mês, e eu escolhi design sem medo algum de ter feito a escolha errada. Espero compartilhar aqui o que aprender ao longo do caminho.

Uma rápida explicação: no final do texto eu faço referência a um canal de algum tipo em que iria publicar atualizações regulares. Infelizmente nunca houve um, mas estou torcendo para finalmente mudar isso.

Realmente, é nostálgico ler isso novamente. Existem muitos tópicos em que mudei minha opinião nos últimos anos, mas estou mais confiante do que nunca sobre minha escolha de profissão. Todo dia sai um novo artigo me lembrando quão amplo é o campo do design.

Aconteceram muitos desafios e aprendizados nos últimos anos, e eu já tenho alguns em mente para compartilhar com a comunidade. Para concluir esse #TBT, eu gostaria de pontuar algumas observações sobre o que escrevi em 2017:

Para mim, sempre houve apenas uma área em que conseguia me imaginar trabalhando: tecnologia. Infelizmente, para a maioria das pessoas, isso significa apenas uma coisa: começar a programar e conseguir um diploma em ciência da computação.

Eu ainda acho que design vive nas sombras. Para os usuários é apenas natural, mas isso também traz um problema de longo prazo para a saúde da nossa indústria. Todo mundo experiencia o trabalho que fazemos mas, ao menos da minha perspectiva, nem todos estão cientes que desempenhamos um papel importante no mercado de tecnologia.

Você vê grandes empresas do Vale do Silício apoiando inúmeros esforços para ensinar código, mas design como carreira geralmente não recebe nem de longe o mesmo nível de atenção delas. Talvez seja apenas meramente proporcional ao número de vagas para programadores, mas acredito que há um longo caminho para tornar o design ainda mais difundido até mesmo na área de tecnologia.

Alguma das coisas que mais me incomodavam, quando utilizando produtos digitais, eram exatamente aquelas de responsabilidade do UI/UX Designer.

A razão pela qual certas coisas simplesmente não são consertadas fica cada vez mais aparente para mim ao entrar mais no dia-a-dia de empresas grandes e pequenas. Alguns dos problemas que encontro realmente são perdoáveis, mas existem alguns que eu acho que podem facilmente ser resolvidos com apenas um pouco mais de cuidado. Esses são os que estou mais animado para explorar aqui.

UI significa interface do usuário, e UX, experiência do usuário. Resumindo, UI é sobre fazer o aplicativo bonito e UX é sobre fazê-lo intuitivo (fácil de usar).

Eu ainda acho que essa é uma das explicações mais simples que alguém pode dar sobre nosso trabalho, em conjunto com a metáfora que expliquei. Usabilidade às vezes se confunde com o conceito de UX, e na época ainda não tinha capturado a diferença significante.

A respeito da velha polêmica sem sentido do título profissional que estamos tão acostumados a discutir, eu já não sinto que o mais apropriado é UI/UX Designer. UX abrange UI, então atualmente prefiro ir por UX Designer.

Algo que não deixei claro no texto é que os fundamentos de UX podem ser aplicados em infinitos contextos, não apenas produtos digitais. Produtos digitais eram tudo que conseguia pensar na época, e tais possibilidades simplesmente não estavam aparentes para mim quando escrevi.

Obrigado a todos que leram até aqui. Alguns dias atrás eu completei um ano trabalhando na Verve Works, uma consultoria de design sediada no Brasil. Dá uma sensação de ciclo fechado estar escrevendo isso agora.

Por favor apreciem e deixem feedback, realmente significa muito para mim.

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Davi Costa
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Written by Davi Costa

Designer who aspires to translate the complex and bring delight through products that feel inevitable.

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